terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Arte de um argentino naturalizado brasileiro e coração baiano




Quando pensamos em Bahia , várias imagens nos veêm a cabeça, na minha são as imagens de Carybé que preenchem o meu imaginário bahiano. Sendo adepta da religião afrobrasileira a 20anos,filha de Xangô,regida por Oxum Docô me identifico com a obra de Carybé pois vem de encontro a minha vivência, então quando houve necessidade de trabalhar com um pintor brasileiro ,no Seminário integrador no curso de artes visuais,pensei Carybé,tudobem ele é Argentiano de nascimento, mas naturalizado brasileiro e mesmo que não fosse foi a Bahia a terra de seu coração. MAS QUEM FOI CARYBÉ? Carybé (Hector Julio Paride Bernabó - Buenos Aires, 1911), desenhista, gravador, pintor, ceramista, escultor, historiador, jornalista, pesquisador, escritor. Detentor do título de Doutor Honoris Causa (UFBa), pela contribuição às artes na Bahia. Cidadão de Salvador, pela comenda recebida em 1963. Avesso a todos esses títulos e vivendo definitivamente em Salvador a partir de 1961, assumia intensamente a baianidade. Iniciado no Candomblé em 1950, por Mãe Senhora, do Ilê Axé Opô Afonjá, quis o destino que sofresse um enfarte na noite de uma quarta-feira, após a reunião dos Obás de Xangô, no espaço sagrado do terreiro que freqüentava. Antes de falecer, como um autêntico personagem dos romances do amigo Jorge Amado ainda gracejou com a própria morte: - "Puta que pariu, me fodi".

Com uma carta do escritor Rubem Braga ao então secretário de Educação da Bahia, Anísio Teixeira, em 1950, Carybé arrumou o emprego que pediu a Deus: desenhar cenas baianas.

"Foi a sopa no mel. Nunca mais fui embora. A Bahia tem tudo que um pintor procura, luz, água, mar aberto, a gente sempre vê o corpo humano funcionando", contou.



Com o passar dos anos, os trabalhos de Carybé não pararam de se valorizar e ele passou a viver só de arte. "Um quadro grande meu vale 10000 dólares", orgulhava-se ele, no começo deste ano, embora alguns possam chegar a até 30000. Para ele, não tinha muita importância. "A economia é a peste negra. Nada sei sobre ela", dizia.
Cabeças do filho-de-santo Abia no rito de iniciação do candomblé e figura feminina de costas: traço telegráfico




Casa de Exu: vendo
a religião afro-baiana

por dentro e recriando-a
de memória





Segundo o amigo Jorge Amado, foi como um observador de dentro, envolvido com a religião, que o artista se dispôs a retratá-la. "Outros podem reunir dados frios e secos, violentar o segredo com as máquinas fotográficas e os gravadores e fazer em torno dele maior ou menor sensacionalismo, a serviço dos racismos mais diversos, mas apenas Carybé e ninguém mais poderia preservar os valores do candomblé da Bahia."


Obá de Xangô - Título honorífico do Candomblé criado no Axé Opó Afonjá por Mãe Aninha em 1936, esses títulos honoríficos de doze Obás de Xangô, reis ou ministros da região de Oyo, concedidos aos amigos e protetores do Terreiro.

Corpo de Obás - Ministros de Xangô Aos Obás foi entregue o destino civil do Terreiro. Doze Obás: Obá Aré ,Obá Kakanfô , Obá Aressá , Obá Arolú ,Obá Telá, Obá Abiodun, Obá Oni Koy,Obá Olugbon, Obá Onaxokum, Obá Erim, Obá Odofin, Obá Xoru. Obás de Xangô: Antônio Albérico Santana,Antonio Carlos de Santana, Adriano de Azevedo Santos Filho/Otun Abiodun, Antonio Olinto , Camafeu de Oxóssi, Carlos Rodrigues Carrera , Carybé , Demeval Chaves , Dorival Caymmi , Antonio Luís CalmonIldásio Tavares, Gilberto Gil , Jorge Amado, Luís Domingos de Souza, Manoel Rodrigues Carrera, Marco Aurélio Luz , Mario Bastos , Mário Cravo, Miguel Franco , Miguel Santan, Muniz Sodré, Santiago Codes, Sinval da Costa Lima, Tadeu Alves de Souza, Ubirajara , Vivaldo da Costa Lima

Verger,Jorge Amado, Carybé